A endometriose pode causar disfunção intestinal?

Quando falamos sobre endometriose, muitas pessoas pensam apenas em cólicas menstruais fortes e dificuldade para engravidar. Porém, essa condição pode ir muito além da região uterina. 

Na verdade, a endometriose pode afetar órgãos como intestino e bexiga, causando uma série de sintomas que se estendem além do aparelho reprodutor. 

Isso inclui desconfortos como constipação, diarreia, dor ao evacuar e até inchaço abdominal frequente, principalmente no período menstrual.

Como a Endometriose Afeta o Intestino?

Quando essas lesões se instalam no intestino – mais comumente no reto e no cólon sigmóide – podem provocar lesões, inflamação e até estreitamentos no canal intestinal. 

Essa infiltração profunda é responsável pela gama de sintomas que muitas vezes se confundem com outras condições gastrointestinais.

De acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva têm endometriose. 

Estudos apontam que de 3% a 37% das pacientes com endometriose podem apresentar envolvimento intestinal (Journal of Minimally Invasive Gynecology, 2020), o que demonstra o quão frequente a sobreposição desses sintomas pode ser.

Sintomas Comuns

  • Dor ao evacuar: Principalmente durante o período menstrual.
  • Alterações no hábito intestinal: Constipação ou diarreia cíclica relacionadas ao ciclo menstrual.
  • Inchaço e distensão abdominal: Sensação de “barriga estufada” que piora nos dias próximos à menstruação.
  • Sangramento retal cíclico: Em casos mais severos, pode haver sangue nas fezes durante a menstruação.

Esses sintomas acabam sendo confundidos com a Síndrome do Intestino Irritável (SII), levando muitas mulheres a buscarem tratamentos gastrointestinais sem problemas consistentes.

Diagnóstico: A Importância do Mapeamento Detalhado

O diagnóstico da endometriose intestinal exige um olhar especializado. 

O ultrassom transvaginal com preparo intestinal, realizado por um profissional experiente, é uma ferramenta-chave para identificar a localização e a profundidade das lesões. Em alguns casos, a ressonância magnética também pode auxiliar no mapeamento.

Quanto mais cedo for identificado o comprometimento intestinal, maior a chance de um tratamento assertivo e menos invasivo, reduzindo o impacto na qualidade de vida da paciente.

Tratamento e Qualidade de Vida

O tratamento da endometriose intestinal pode variar de abordagem clínica, com uso de medicamentos hormonais para controlar o crescimento do tecido endometrial, até cirurgias para remover as lesões mais profundas.

A cirurgia minimamente invasiva (laparoscopia ou cirurgia robótica) é uma das opções que permite um procedimento mais preciso e com menor tempo de recuperação.

Ao aliviar a dor, melhorar a função intestinal e restaurar a mobilidade dos órgãos afetados, o tratamento adequado envolve a qualidade de vida e a autonomia do paciente.

A endometriose é uma doença complexa, e seu impacto pode ir muito além da pelve. Reconhecer que uma disfunção intestinal pode ser um sinal de endometriose é um passo importante para o diagnóstico precoce e para o tratamento eficiente. 

Se você apresentar sintomas gastrointestinais que pioram durante o ciclo menstrual, procure um especialista. Informar-se é o primeiro passo para cuidar melhor da sua saúde.

Referências:

  • Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva.
  • Revista de Ginecologia Minimamente Invasiva, 2020.
  • Instituto Nacional de Câncer (INCA) e Organização Mundial da Saúde (OMS) para estatísticas gerais sobre a prevalência da endometriose.

(O conteúdo e as informações deste post têm caráter informativo e educacional e não devem ser utilizados para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)

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